♦ 2

Dois de Ouros



O caminho misterioso não vai para dentro, mas para fora, não entra nos labirintos, mas sai deles. O caminho misterioso sobe por frias névoas de hidrogênio, braços de espiral rotativos e supernovas que explodem. A última etapa foi um tecido de macromoléculas autoconstruídas.



("Maya", Jostein Gaarder)







sexta-feira, 11 de março de 2011

Teorias da Conspiração

"Obama está morto."

Em outubro passado fui apresentado por um amigo a um DVD que falava da Nova Ordem Mundial. Era mais uma daquelas teorias da conspiração sem pé nem cabeça que, infelizmente, acabam convencendo muita gente desprevenida. Todo mundo já ouviu alguma coisa do tipo: o homem nunca foi à Lua, os Illuminati ainda existem e tentam dominar o mundo, o 11 de setembro esconde muitas verdades não reveladas. De acordo com estas e outras bobagens, há uma concertação mundial de sábios que desejam controlar o planeta. Nada é o que parece ser e, por trás das ações dos políticos e das grandes corporações, há sempre uma intenção oculta de pessoas que pretendem submeter a humanidade aos seus interesses.

Ao ler a coluna de Michael Shermer na edição da revista Scientific American Brasil de janeiro de 2011 (p. 17), lembrei-me da conversa que tive com o meu amigo e do esforço em convencê-lo de que o conteúdo do DVD não passava de uma enorme coleção de disparates. Shermer nos dá o Detector de Teorias Conspiratórias. Leia com atenção e use as dicas como filtro para as tolices que circulam por aí travestidas de inabalável verdade.


Detector de Teorias da Conspiração

1. A comprovação da conspiração supostamente surge a partir de um padrão de “ligar os fatos” entre eventos não relacionados causalmente. Quando não há evidências que corroboram essas conexões, a não ser a própria alegação de conspiração, ou quando a evidência se encaixa perfeitamente em outras conexões causais – ou na aleatoriedade -, a teoria conspiratória tem grandes chances de ser falsa.

2. Os agentes por trás do esquema conspiratório precisariam ter poderes quase sobre-humanos para executá-lo. As pessoas geralmente não são tão poderosas quanto achamos.

3. A conspiração é complexa e, para ser bem-sucedida, demanda uma grande quantidade de elementos.

4. Da mesma forma, a conspiração envolve um grande número de pessoas que precisam manter silêncio sobre seu funcionamento. Quanto mais pessoas incluídas, menos realista ela se torna.

5. A conspiração inclui uma enorme ganância pelo controle de um país ou de um sistema político ou econômico. Se há uma sugestão de dominação mundial, a teoria apresenta ainda menos chances de ser verdadeira.

6. A teoria conspiratória parte de pequenos eventos, que poderiam ser reais, e vai para fenômenos muito maiores e menos prováveis.

7. A teoria conspiratória atribui significados pressagiosos e sinistros a eventos com grandes chances de ser apenas insignificantes.

8. A teoria tende a misturar fatos e especulações, sem fazer uma distinção entre os dois, tampouco atribuir níveis de probabilidade ou facticidade.

9. O teórico suspeita indiscriminadamente de todos os órgãos governamentais ou grupos privados. Isso sugere uma inabilidade de identificar diferenças entre conspirações falsas e verdadeiras.

10. O teórico da conspiração recusa-se a considerar explicações alternativas, rejeitando todas as evidências contrárias ou buscando ostensivamente somente fatos que sustentem o que ele determinou a priori ser verdade.

(Michael Shermer, Scientific American Brasil, janeiro de 2011, p. 17)